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The Museum is Open

The Museum building will remain open to the public through October 17, 2025. For more information about visiting the Museum, please visit Plan Your Visit.

Gerda Weissmann Klein

Gerda Klein sobreviveu ao Holocausto e foi libertada por um soldado norte-americano, com o qual posteriormente se casou. Aqui, Gerda fala sobre o ódio e o anti-semitismo nos dias de hoje.

Transcrição

GERDA WEISSMAN KLEIN: O anti-semitismo é, sem dúvida, uma questão importante. Particularmente para mim, é uma questão muito importante porque toda a minha família foi morta simplesmente pelo fato de ser judia. [Nós não podíamos ser outra coisa]. Eu não podia ser outra coisa. Não podia ser menino pois nasci menina. Nasci numa família judia e então nasci judia. É claro que esta questão é muito mais ampla, pois inúmeras pessoas [judeus e não-judeus] são mal entendidas ou maltratadas por haverem nascido como nasceram, por terem a aparência que têm, ou seja lá porquê for.

DANIEL GREENE: A sobrevivente do Holocausto Gerda Weissman Klein tem passado toda sua vida ensinando outras pessoas sobre a necessidade da tolerância e da compreensão. Há 60 anos, ela escreve e fala sobre suas experiências nos campos nazistas de trabalho escravo, e na marcha da morte [da qual participou andando forçadamente] pela Alemanha, já no final da Guerra, a qual tinha por objetivo eliminar todas as testemunhas que haviam sobrado vivas nos campos. Klein sobreviveu àquela marcha e, em 1945, conheceu seu marido entre os soldados americanos que a libertaram. Suas experiências – assim como seus escritos – são trágicas, mas também revelam uma grande dose de esperança.

Bem-vindo a "Vozes sobre o Anti-Semitismo", uma série gratuita de podcasts do Museu Estadunidense Memorial do Holocausto. Meu nome é Daniel Greene, e sou o apresentador da série. A cada duas semanas, convidamos um participante para refletir sobre as diversas maneiras como o anti-semitismo e o ódio afetam o mundo nos dias de hoje. Agora, com vocês, a sobrevivente do Holocausto, Gerda Weissman Klein.

GERDA WEISSMAN KLEIN: Sabe, mesmo nas épocas mais sombrias da minha vida, quando estava nos campos, nos campos de concentração de trabalho escravo, a gente projeta as nossas esperanças nas coisas mais simples. Se alguém se aproximasse de você ou o abraçasse, ou se houvesse um pedaço de pão um pouco maior, era uma bênção. Por isto, eu acredito, sim, na bondade básica das pessoas. Mas também não sou nenhuma Poliana [otimista ao extremo]. Não acho que tenha sido protegida por fadas e duendes, mas acho que ter sobrevivido foi um privilégio incrível. Ser livre, ter filhos, ter netos, ir e vir sem medo, escrever, enfim, fazer qualquer coisa [é um privilégio], mas é também uma enorme responsabilidade.

Basicamente, sempre fui uma otimista. Se não o fôsse, não estaria aqui. Mas estou muito preocupada com o que a intolerância, que infelizmente está ressuscitando agora, pode estar fazendo com as crianças. Acho que, desde 11 de setembro de 2001, percebemos que não estamos tão seguros quanto esperávamos e rezávamos para que o mundo estivesse. Para ser sincera, às vezes sinto que vivi demais, sabe? Infelizmente, hoje em dia não existem limites nem fronteiras. Não há o que se transpor, é uma uma guerra totalmente diferente, uma guerra que irrompe em qualquer lugar. É terrivelmente assustador e muito triste que uma minúscula minoria de fanáticos possa vir a destruir o mundo. E, é claro, é terrivelmente doloroso ver que os atos mais brutais e mais horríveis são cometidos em nome da religião. Tenho certeza de que não é esta a vontade de Deus.

Acredito piamente que devemos lutar contra todos os tipos de intolerância. Isto inclui a intolerância religiosa, a intolerância racial, etc. As pessoas me perguntam: "Quantas pessoas estavam na [sua] marcha da morte? Quarenta mil? Quatro mil?" Não faz diferença ter quarenta mil ou quatro mil, basta você se identificar com uma única pessoa. Até que o mundo aprenda que todos nós temos o mesmo coração, alguns um pouco mais bondosos que os outros. É por isto que acho importante falar [sobre o que aconteceu]. Conversar a respeito e dar esperança às pessoas.