Start of Main Content

The Museum is Open

The Museum building will remain open to the public through October 17, 2025. For more information about visiting the Museum, please visit Plan Your Visit.

Gregory S. Gordon

Gregory Gordon ajudou a levar aos tribunais os casos mais divulgados pela grande mídia sobre [o genocídio levado a efeito em] Ruanda – onde o discurso do ódio, transmitido pelas rádios, esteve diretamente ligado ao genocídio do povo Tutsi [um dos grupos étnicos de Ruanda]. Gordon acredita que as lições aprendidas naquele país podem ser aplicadas ao Irã e a outros países [com problemas semelhantes], de modo a evitar que tais táticas de incitação surtam efeito.

Transcrição

GREGORY GORDON: Acho importante conscientizar o mundo de que palavras podem matar, que elas são parte essencial em um [processo de] genocídio. Também dizer que, se aqueles que veiculam estas horríveis mensagens não forem processados [e condenados], sem dúvida alguma haverá mais genocídios no futuro.

ALEISA FISHMAN: Em sua profissão de advogado, Gregory Gordon ajudou a levar aos tribunais os casos mais divulgados pela grande mídia sobre [o genocídio levado a efeito em] Ruanda – onde o discurso do ódio, transmitido pelas rádios, esteve diretamente ligado ao genocídio do povo Tutsi. Como Diretor do Centro de Estudos sobre Direitos Humanos e Genocídio, da Universidade de Dakota do Norte, Gordon tem escrito sobre a relação entre o discurso do ódio e [processos de] genocídio – entre eles, um artigo recente sobre a conclamação feita pelo presidente iraniano no sentido de apagar Israel do mapa. Gordon acredita que as lições aprendidas em Ruanda podem ser aplicadas ao Irã e a outros países [com problemas semelhantes], de modo a evitar que estas táticas de incitação surtam efeito.

Bem-vindos à série de podcasts "Vozes sobre o Anti-semitismo", uma iniciativa do Museu Estadunidense Memorial do Holocausto, disponível gratuitamente para o público. Este programa é possível graças ao generoso apoio da “Oliver and Elizabeth Stanton Foundation”. Meu nome é Aleisa Fishman, e sou a apresentadora desta série. A cada duas semanas, convidamos um participante para refletir conosco sobre as diversas maneiras como o anti-semitismo e o ódio afetam o mundo de hoje. Com vocês, diretamente da cidade de Grand Forks, Dakota do Norte, o Professor Gregory Gordon.

GREGORY GORDON: Os especialistas referem-se a [diferentes] etapas em um [processo de] genocídio. [Na primeira fase,] é, absolutamente essencial desumanizar as [futures] vítimas, e isto pode ser feito usando imagens, e pode ser feito com palavras. Quando os perpetradores terminam esta [primeira] etapa, as pessoas contra quem se fala deixam de ser vistas como gente e tornam-se apenas coisas. Então, depois de algum tempo, a população fica indiferente à ideia de eliminar aquelas coisas estranhas. O rádio, o jornal, a mídia em geral, podem ser utilizados de várias formas. Estes meios de comunicação foram amplamente utilizados na Alemanha nazista e também em Ruanda.

Havia uma estação de rádio, a RTLM, mais diretamente associada ao genocídio ocorrido em Ruanda. Era uma estação de radio de Hutus [o grupo étnico de Ruanda que elimina seus compatriotas Tutsis] radicais, que transmitia ordens diretas de assassinatos. Eles transmitiam ao vivo informações para as pessoas [que controlavam as] barreiras nas estradas. Em outras transmissões, alegavam que os tutsis pretendiam fazer exatamente a mesma coisa que os hutus radicais estavam fazendo. Isso assustava a população e a incitava ainda mais a cometer atos de violência. No final das contas, aquelas transmissões tiveram um impacto enorme sobre os cidadãos comuns de Ruanda, que eram conclamados a fazer coisas horríveis – matar seus vizinhos, mutilá-los com facões. Era necessário que houvesse certo condicionamento mental para que as pessoas se dispusessem ou se tornassem capazes de agir daquela forma. O segredo estava no rádio.

O Tribunal Criminal Internacional foi convocado para fazer uma distinção muito séria entre o que é “discurso” [fala], o que é liberdade de expressão, e o que é incitação ao crime. A incitação ao crime não se limita a uma chamada direta, em termos explícitos, para se matar pessoas. Raramente acontece assim. Geralmente são chamadas indiretas [sutís], que são compreendidas pelo ouvinte como convocações para assassinatos ou destruição. Temos que analisar o propósito [da fala], o texto, o contexto e a relação entre o falante e o assunto falado.

Não queremos que aconteça outro genocídio. Falando a verdade, acho que um dos aspectos mais importantes do trabalho dos tribunais criminais internacionais, é fazer um registro do que aconteceu para que as gerações futuras possam estudar o que aconteceu e como. Quando vemos tais incentivos à violência sendo feitos, quando vemos tais sinais de alerta, temos que agir.