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Louise Gruner Gans

As experiências pessoais de Louise Gruner Gans com o [sofrimento causado pelo] preconceito [racial] influenciaram profundamente seu trabalho como advogada e como juíza. O que aconteceu em sua vida também fez com que Louise sempre mantivesse uma perspectiva humana com relação à [aplicação da] Lei.

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LOUISE GRUNER GANS: Os seres humanos não são naturalmente bons ou maus. Eles são uma combinação destes dois aspectos [da natureza humana]. A base [da lei] é a manutenção da parte má sob controle. A Lei em geral, e as nossas leis em particular, fazem com que isto aconteça. Isso é um grande bem.

ALEISA FISHMAN: Louise Gruner Gans é sobrevivente do Holocausto e juíza aposentada da Suprema Côrte de Nova Iorque. Suas experiências pessoais com o [sofrimento causado pelo] preconceito [racial] influenciaram profundamente seu trabalho como advogada e como juíza. O que aconteceu em sua vida também fez com que Louise sempre mantivessa uma perspectiva humana com relação à [aplicação da] Lei.

Bem-vindo a Vozes Sobre o Anti-semitismo, uma série de podcasts do Museu Estadunidense Memorial do Holocausto que foi possível graças ao generoso apoio da “Oliver and Elizabeth Stanton Foundation”. Meu nome é Aleisa Fishman. Todos os mêses, convidamos um participante para refletir sobre as diversas maneiras como o anti-semitismo e o ódio afetam o mundo nos dias de hoje. Conosco, a sobrevivente do Holocausto e juíza aposentada, Louise Gruner Gans. LOUISE GRUNER GANS: Eu diria que minhas memórias mais antigas do anti-semitismo são da década de 30, na Alemanha, quando, de repente, uma série de coisas começou a acontecer. Havia lugares onde não mais podíamos ir por sermos judeus. Por exemplo, havia um grande cinema que passava filmes de Shirley Temple [uma estrela infantil] mas nós não podíamos ir lá. A sinagoga que frequentávamos foi incendiada. Passamos por lá e vimos a Estrela de Davi queimando.

Sabe, preconceito é errado e cruel, e resulta em muita dor. Quando eu era pequena, eu olhava para mim mesma no espelho enão via nada de diferente [em relação a outras crianças]. Por que eu então eu não podia ir ver a Shirley Temple? Não fazia sentido. Era absurdo. Começa com a Shirley Temple, depois, a próxima coisa que você sabe é a imposição da forma em que pode viver, com quem pode viver, com quem pode casar e onde pode trabalhar. Isso tudo é totalmente arbitrário e desrespeitoso com relação à dignidade humana, a dignidade que todas as pessoas querem ter e a qual querem ver reconhecida.

Tentei fazer tudo que estava a meu alcance como advogada e como juíza para ajudar a existência de uma sociedade justa para com todos os grupos. Minhas simpatia era para com as vítimas de injustiça social, que incluiam, é claro, os que sofriam com o anti-semitismo e também os que sofriam com o racismo em geral. Quando você se torna juiz, você jura defender a lei e não pode simplesmente negligenciar esse juramento. Mas [a sua humanidade existe em] como você escuta as pessoas, como você garante que um júri escute as pessoas. Este é um papel muito importante que um juiz deve desempenhar. Eu tentava equilibrar minha obrigação de defender e impor a lei com o meu entendimento dela, baseado em minha própria experiência. Eu achava muito difícil mandar encarcerar as pessoas. Aquilo era muito, muito difícil, pois eu mesma havia sido aprisionada, não só no gueto ou no campo de concentração, mas também em prisões de verdade. Já que um juiz não pode ter ficha criminal, a maioria do juízes americanos nunca esteve na prisão, e aquilo me tornava diferente. Quero dizer, existem muitas áreas onde quem você é tem um efeito [positivo ou negativo].

Os estereótipos não se baseiam em condutas individuais, mas sim no que se pensa sobre um determinado grupo. O que leva você a avaliar as pessoas é baseado nisso. Por exemplo, você supõe que certos tipos de pessoas sempre mentem e outros não? Se você utiliza um estereótipo, você vai julgar desta forma. Se não, então você tenta avaliar os fatores individuais [antes de julgar].